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Biscoito da Sorte
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Naquela quinta-feira, cheguei quarenta minutos mais cedo ao trabalho e passei na padaria pra tomar café da manhã. Pedi uma média com leite e um croissant, liguei o meu notebook e comecei a escrever.

Estava concentrado, mas não pude deixar de prestar atenção no diálogo da mesa vizinha. Nela, dois advogados aguardavam o início das atividades forenses. Conversavam sobre uma ação de rito ordinário em trâmite na vigésima oitava vara cível. Era um processo de indenização por danos morais.

Os rábulas, enquanto cuspiam jargões advocatícios pros quatro cantos daquela panificadora secular, fundada em 1872, faziam questão de mirar de soslaio os três candangos ignorantes que passavam a constituir público estupefato, e enfatizavam palavras estranhas ao vocábulo dos matutos.

O chicaneirinho mais moço – e mais empolgado também – repetiu as expressões “embargos infringentes” e “mandado de injunção” uma meia dezena de vezes fora do contexto, haja vista que se tratava de uma açãozinha corriqueira de primeira instância. Mas, pros que querem saborear a convenção social que denomina doutores os meros graduados, sem precisar fazer o sacrifício de cursar medicina, aquele posicionamento arrogante é um deleite.Clicando aqui, você assiste ao vídeo com animação digital
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Não tardou a identificar o ritmo alegre da Csárdás. Cerca de duas centenas de passos foram o bastante para ter a convicção de que o instrumento reproduzia o andamento sonoro do bailado folclórico de seu país. Desde o início de seu namoro com Boglárka, adaptara-se com a cultura tradicional. A moça era uma exímia bailarina.

As práticas advindas da predileção dele pela religiosidade oriental auxiliaram-no a harmonizar-se com o sexo oposto. No princípio da puberdade, a meditação e a busca do equilíbrio interior transformou-o num homem benevolente que logrou sucesso ao perdoar a cumplicidade de sua progenitora, amaciando o rancor que, até então, carregara. Uma barreira rompeu-se para que o jovem entregasse o seu coração para uma mulher, a despeito da fúria originada pela figura materna. A ojeriza quedou-se alojada em seu subconsciente.

A extroversão da bailarina era discrepante comparada à quietude dele. Afeita a festas, a menina dava o colorido que a mansidão dele pedia em contrapartida. O casamento já tinha data marcada. Boglárka mudar-se-ia para o seu apartamento. Ele já o havia reformado. A pintura deu o toque final do acabamento.Clicando aqui, você lê o conto completo
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Marx usou sua voz rouca
Pra mandar Engels calar a boca
Engels saiu correndo até o banheiro
Rebolando como uma dama de p.u.t.e.i.r.o.

O Gesto daquela menina safada
Foi interpretado por Karl Marx
Que correu pela escada
Dizendo que precisava passar um fax.
(Trecho da letra de música "Eu vi Marx comendo Engels")
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Foi uma dessas pessoas que começou a interessar-se por mim. Ela era descompromissada e queria continuar sendo. Amava ser livre. Nada mais natural que alguém assim manifestasse um certo affair por quem fosse solto e descompromissado.

Levei-a ao meu apartamento e curti o fim daquela tarde de outubro de 2004. Só que mal os semens foram assassinados pelo estancamento do tubo de látex, ela tirou o celular do bolso para solicitar o serviço de um taxista. Eu fiquei lá, olhando para o teto, sem entender direito o que ocorrera. A beleza da moça era deslumbrante e despertara o poeta adormecido. O néscio de plantão fez uma música em sua homenagem e procedeu a sua gravação num estúdio.

– Desculpe-me, eu me enganei com você. Não sabia que você era tão sensível...

"Cuem, cuem, cuem, cuem..."

Apaixonei-me pela pessoa errada, ela só queria transar. Que patacoada!

E a solitude das maratonas cinéfilas deixaram de ser aprazíveis. O prazer extraordinário custou-me o sossego das alacridades garantidas.Clicando aqui, você lê o texto completo
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A ex-mocinha, logo, dirigiu-se até a saída, esbugalhou os seus olhos acarminados e tomou-me como alvo pela última vez, berrando com classe e doçura:

– Seu aleijado! Não esquece a sua muleta, seu aleijado! – Sendo irônica, é claro, pois não tenho nenhuma deficiência física.

O que terá sido a simpática matusalém nos idos da longínqua década de setenta? Uma generosa prostituta ou uma delatora de complacentes militantes políticos da esquerda comunista? Talvez...

E, na idade fragilizada, quando chega a hora dos maus pagarem por seus erros e dos bons estarem espiritualmente evoluídos a ponto de não se deixarem atingir, ela é uma senhora imunizada.
(Trecho da crônica "Orgulho de uma sociedade que respeita as minorias e os mais fracos")
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– Você não pode falar muito. Seu nome é Marcelo. Já se esqueceu da música “Tu é gay que eu sei” ou “Rap do Marcelinho”, da banda Rosa Choque? Fez sucesso no final dos anos noventa.

– Não só eu esqueci como essa música foi apagada da memória coletiva. O que é bom, como o Marcelo Nova, fica. O que é lixo é sepultado.

– Mas eu não esqueci, viu? A música dizia: “Falam do Marcelo coisa bem profunda / Casou pra disfarçar / Só pra descansar a bunda / Solta essa franga, Marcelo / Solta essa bicha, menino / Que bom ser do babado / Ser bicha é divino”.

– Obrigado por desenterrar. Mas eu nunca fui zoado e nunca vi nenhum Marcelo sendo zoado. Já as Silvias… A sua é bem pior: “Vive dizendo que me tem carinho, mas eu vi você com a mão no p… do vizinho. Ô Silvia…”.Clicando aqui, você lê o texto completo