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Biscoito da Sorte
Aceita um biscoito da sorte? É só clicar e descobrir a surpresa que tem dentro dele pra você!
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Para mim, o costume servia, unicamente, para marcar a cadência que me ajudava a localizar-me na harmonia do mundo, fazendo contrapeso com o meu isolamento quase autista, mas para a minha mãe a data era de suma importância.

Tanto brilhavam os olhos dela que eu não tinha coragem de subtrair, de antemão, o pacote comprido e achatado – que eu sabia ser o meu skate – do saco de presentes. Notava-se aí a inversão de papéis: cabia ao filho fingir para agradar a mãe.

Meu ânimo era bem fraco. Acho que em virtude do que ocorrera um ano antes: os meus primos furaram o meu Pogobol, depois de brincarem com ele no asfalto, mesmo eu dizendo que não podia. O que adiantou tê-lo degustado com os olhos durante os três meses antecessores, nos comercias do Bozo?

Apesar da pouca idade, o saudosismo já tomava conta do meu coração. No ano de 1989, sentia falta do longínquo 1983, quando ganhei um gravador. Aquele, sim, havia sido dado pelo Papai Noel de verdade. E eu passei o dia vinte e cinco inteirinho gravando programas numa fita cassete. Depoimentos e entrevistas nas quais revelei o que eu seria quando crescesse.Clicando aqui, você lê o texto completo
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Presumi que ela entendeu o que eu disse como um elogio, pois estampou um sorriso animado e agradeceu. Calculei que, despretensiosamente, havia-me dado bem e dei sequência:

– Você é uma mulher exuberante.

Ela mostrou seu rosto enfurecido:

– Se eu sou exuberante o problema é meu! A exuberância é minha!

– Calma, moça! Não confunda exuberante com ignorante. Eu quis dizer que você é charmosa.

Ela sorriu novamente:

– Ah, sim! Obrigada!

Percebi que estava perdendo o meu tempo. A Carla Perez pobre não fazia o meu tipo. Sua inteligência quase ausente era irritante demais. Não que eu fosse levar a G. B. R. (gata de baixa renda) ao motel pra inquiri-la acerca do Teorema de Pitágoras, mas me interessa o “antes” e o “depois”.Clicando aqui, você lê o texto completo
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Onde está a bela tarde de sol
Prometida pelo garotinho de três anos?
A esperança parou no farol
E os sonhos viraram profanos.

Quem me dera voltar ao passado
E pedir desculpas ao garotinho
Que estará no canto isolado
Chorando bem baixinho.

Não sei se ele irá perdoar o meu furo
E não deixa de ter toda a razão
Afinal, estraguei seu futuro
Como a má rima estraga o refrão.Clicando aqui, você lê a poesia completa
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Vejo um novo pássaro a voar
Cruzando o sol que me ilumina
Raios refletem em calota polar
Uma flor nasce na campina.

Sem torpor
Você me surge
Pra compor
Na alma urge
Abro a porta:
Olá, Karina!
(Trecho da letra de música "Olá, Karina!")
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No meio escolar, os hábitos demonstrados pelos educadores também não foram dos mais bonitos. Foram diversas as manifestações dos lecionadores – ocasionalmente de forma verbal explícita – que alardeavam serem as remunerações pecuniárias pelo serviço prestado a única razão de comparecimento desgostoso àquela jaula.

Exceções sempre há. O professor de matemática era da espécie que carregava uma atmosfera condutora de ares provenientes de umas duas ou três décadas anteriores ao meu nascimento, realce do arquétipo que marcha com uma régua na mão e calça galochas em dias chuvosos. E, por mais que nos empenhemos, não conseguimos imaginá-lo frequentando um toalete.

Todavia, um adolescente contestador não encontra dificuldade em forjar situações provocativas com o fim de descobrir a "verdadeira verdade". Bastam poucos desafios pirracentos para que a máscara do protótipo de tradicionalista resvale e desça ao solo.

Um par de réplicas antagônicas às explanações didáticas foi suficiente para assistir a um espetáculo elegante do nobre pedagogo com direito a apagador de lousa estourando vidraça e gritos afeminados histéricos.Clicando aqui, você lê a crônica completa
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Numa caravela esbelta
Na praça de celta
Chegou Portugal

Lusitanos gritando em couro
Nóis queremo ouro
Mas que povo mau
(Trecho da letra de música didática "A expansão ultramarina portuguesa")
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